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A pressa gourmet e outras crônicas

Nesta obra, o leitor encontra crônicas que dialogam com a filosofia e as histórias de vida. Crônicas que nasceram de um olhar cético sobre o cotidiano, invisibilidade e a indiferença. Comportamentos que são objetos da literatura e reflexão filosófica, ao abordarem de forma realista corpos que sofrem com a solidão e o desespero, revelam o absurdo da existência.

Nas crônicas, o leitor encontra a indignação e a angústia diante da domesticação dos corpos, vida dita gourmet, e precarizada. “Bom, creio que há espaços e pessoas que resistem à domesticação dos corpos, mantêm-se indóceis e contribuem para que outros não terminem a vida no ostracismo sexual. Quanto a mim, antes da aposentadoria, talvez, escreva um projeto de pesquisa sobre os bordéis e garotas de programa, visando compreender a resistência dos ‘tristes’ e  ‘verdadeiros’ corpos indóceis. Corpos que não vivem em ambientes gourmet, mas que sonham com um tratamento vip. Sonhos que, talvez, façam parte do imaginário de empregadas domésticas e garotas de programa. E se for possível, sonhar com o passado, tenho saudade da última morada, um espaço em que dona Job nos presenteava com sua alegria, seus quitutes, seu sorriso, e estávamos mais perto da Lua cheia”.

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“Continuei no mesmo lugar, a olhar aqueles entregadores e refletir se a ‘uberização’ é conveniente e lucrativa para pessoas que vivem em suas residências com varandas e cozinhas gourmet; crianças e adolescentes gourmet, que, às vezes, recorrem a psicanalistas ou psicólogos gourmet”.

(Antonio Carlos Lopes Petean)

“Afinal de contas, há algo no mundo que permite que um homem roube um cavalo enquanto o outro nem sequer pode olhar para um cabresto”.

(Joseph Conrad)